Matutando em cores
Volta e meia me pedem para escrever sobre cor.
Se eu fosse da área da música, como seriam as solicitações?
Numa publicação como Casa&Cia, que cada vez mais se especializa em design, parece apropriado que o tom do assunto seja mais ligado à essa área.
Mas como seria isto?
De uma maneira geral as pessoas associam design à estética. Ou à funcionalidade. Parece-me que o correto seria associar à inteligência já que normalmente um projeto de design é aquele que traz soluções bem resolvidas para problemas inicialmente desafiadores. Fazer design é principalmente equacionar questões complexas em resultados simples. A simplicidade quase sempre pode ser o resultado e o viés final de caminhos bem complicados.
E a cor, então? Sabemos que a cor é um fenômeno físico e que é perceptível em maior ou menor grau para quem tem um “equipamento” natural, inato. Cada pessoa vê as cores através de alguns “equipamentos”, tais como visão, somados à sua cultura, seu ambiente, suas crenças. Ou seja, cada percepção é individual e única.
Por que as pessoas tem tanto interesse em aprender “regras para bem usar as cores” ou então, querem saber as tendências e dicas de combinações? Será que é porque os “equipamentos” naturais que temos desde que nascemos, diferenciam de uma pessoa para outra, alguns mais sensíveis, outros menos? Pode ser que sim, uma vez que é comprovado cientificamente que todos temos diferentes percepções cromáticas.
Para quem é muito interessado no tema, ou é pesquisador, causa perplexidade se ver as diversas “tendências” divulgadas a cada ano por variados setores e empresas.
Por exemplo, a empresa “A” decide que em 2016 as cores mais usadas serão as que circulam e navegam ao redor dos tons solares, amarelos “fechados”, dourados, ocres, etc. Mas concomitantemente a prestigiada publicação “B” nomeia alguns “verdes-mares” como os principais a reinarem na estação.
Virando a cabeça, girando o olhar, vem a informação de que o “hit” da temporada é o azul, o eterno azul e seus matizes tranqüilos e serenos.
Ôps, como assim “tranqüilos e serenos”?! Aliás, por que antes citei o “amarelo fechado”? Não é de causar espanto adjetivar fenômenos físicos?
Pode ser que sim, mas é o que a humanidade faz desde os primórdios. E é por isso que vejo com desconfiança e reticências “tratados da cor” como referências globais. Quem nasce, cresce e vive no sul do Brasil tem a mesma percepção cromática de quem está no outro extremo do país?
Ou quando um povo elege determinada cor para transmitir o luto, exatamente a mesma cor que para outras culturas significa alegria e festividades?
Portanto, o assunto cor é amplo e não existem regras absolutas. O que há, são alguns métodos (dicas) que podem ser aproveitados pelas pessoas interessadas, em geral.
Para projetos profissionais, sejam da área de design, arquitetura, medicina, urbanismo, é aconselhável que sejam trabalhados por profissionais especializados.
Vou dar um exemplo bem simples: cito o vermelho. Ao ler, cada pessoa vai formular e ver na sua mente (ou memória?) o “seu” vermelho. Para evitar distorções e diferenças e poder trabalhar de qualquer parte do planeta, várias empresas criaram tabelas com códigos. Alguns fabricantes de tintas atualizam seus catálogos anualmente e provavelmente a Pantone foi a pioneira a adotar esse sistema.
Mesmo assim, não se pode aceitar a “ditadura” das cores e cada indivíduo deve ter a liberdade de escolher sua paleta. Caso ele se sinta bastante inseguro ou esteja interessado em refinar – ou afinar – sua cartela, existem métodos simples ao alcance de todos, principalmente na internet. (Sem esquecer que ao ver uma cor no monitor do seu computador, ou tablet ou smartphone, haverá sempre uma distorção de luz e tom)
Antes da nossa era digital, havia algumas publicações bem interessantes que auxiliavam nas escolhas, como por exemplo as que mostro aqui.
(51) 3330-3571 renata@renatarubim.com.br
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